Vivemos em um mundo acelerado e repleto de transformações, onde inovações tecnológicas surgem diariamente para nos conectar ainda mais. Esse processo de transformação começou em 2006, quando o governo alemão implementou uma estratégia para modernizar suas indústrias, criando fábricas inteligentes que combinavam espaços físicos e virtuais. Essa iniciativa marcou o início da quarta revolução industrial, com o termo “Indústria 4.0” sendo cunhado em 2011.
O principal foco da Indústria 4.0 é a tecnologia, mas ela se destaca por desencadear uma transformação digital que reorganiza os processos de criação de valor, alterando as estruturas organizacionais e os negócios das empresas por meio do uso de tecnologias digitais. Dessa forma, é possível integrar setores e processos, automatizar atividades e acessar informações em tempo real, o que permite tomar decisões mais eficientes baseadas em dados.
O processo de transformação digital é complexo e exige a superação de barreiras, além de mudanças estruturais que geram impactos diversos, inclusive nas pessoas envolvidas. É neste contexto que surge a Indústria 5.0, uma evolução incremental que utiliza tecnologias digitais para não apenas aumentar a eficiência das indústrias, mas também torná-las mais sustentáveis, flexíveis, ágeis, resilientes e capazes de cumprir novos propósitos.
Na quinta revolução industrial, o foco desloca-se para ser humano, reconhecendo a importância das competências, conhecimentos e habilidades das pessoas envolvidas no processo. Nesse novo modelo, a valorização das capacidades da força de trabalho da empresa impulsiona seu desempenho e pode proporcionar uma vantagem competitiva por meio da interação e cooperação entre as pessoas e as máquinas. Isso integra tecnologia avançada, habilidades digitais e características humanas únicas como a criatividade e a inteligência socioemocional.
O termo “Industria 5.0” surgiu em 2016 e os primeiros trabalhos tratavam sobre essa interação humano-máquina para promover uma sociedade inteligente e colaborativa, utilizando-se de ambientes simbióticos com a integração de sistemas produtivos físicos e digitais, permitindo a entrega de produtos e serviços personalizados.
No entanto, a Indústria 5.0 tomou um rumo mais amplo a partir dos desafios enfrentados durante a pandemia de Covid-19. Durante o período, ficou evidente a fragilidade e a vulnerabilidade das indústrias quando foram afetadas pela desregulação das estruturas de oferta e demanda das cadeias de suprimentos.
Com a intenção de enfrentar os desafios do mundo contemporâneo, a Indústria 5.0 considera aspectos socialmente sustentáveis e impactos ambientais buscando cumprir o importante papel que a indústria têm em promover o crescimento da sociedade respeitando os limites do planeta. Para isso a Comissão da União Europeia propõe três abordagens centrais:
- sustentabilidade: utilizar-se de tecnologias como instrumentos para atingir a eficiência de recursos, reduzindo custos, otimizando a relação entre entrada x saída e buscando a mitigação das mudanças climáticas por meio da melhoria de sua eficiência energética e redução nas emissões de carbono;
- resiliência: busca-se o desenvolvimento e a implementação de estratégias para lidar com as vulnerabilidades por meio de adaptações rápidas, absorvendo os impactos e resistindo as rupturas. As tecnologias digitais possibilitam monitorar e gerenciar os possíveis riscos em tempo real, proporcionando uma melhor tomada de decisão e ações rápidas perante os desafios;
- abordagem humano-centrada: coloca o ser humano no centro dos processos produtivos, levando em consideração suas necessidades, interesses, habilidades e conhecimentos. As tecnologias começam a ser implementadas para adaptar o trabalho às necessidades do trabalhador, projetando sistemas e processos industriais incorporados a fatores humanos, mudando a visão de que as pessoas precisavam adaptar-se a tecnologia. Assim, questiona-se o que a tecnologia pode fazer pelo trabalho ao invés de questionar o que pode ser feito com a tecnologia, facilitando sua efetivação no ambiente industrial.
A indústria 5.0 tem o objetivo de viabilizar uma evolução industrial mais justa e humana, levando em conta os aspectos da transformação digital e da interação entre pessoas e máquinas.
A Mill Indústrias busca seu crescimento por meio da aplicação de sistemas automatizados e tecnologias digitais, e vem desenvolvendo um projeto de transformação digital a partir dos conceitos da abordagem humano-centrada da Indústria 5.0 em uma de suas linhas produtivas da sua unidade de serras, incorporando o conhecimento e o desenvolvimento dos seus colaboradores nessa caminhada tecnológica.
Quer saber um pouco mais sobre a Indústria 5.0? Confira os artigos nos links abaixo:
– Industry 5.0 – Towards a sustainable, human-centric and resilient European industry https://op.europa.eu/en/publication-detail/-/publication/468a892a-5097-11eb-b59f-01aa75ed71a1/language-en
– Industry 5.0, a transformative vision for Europe
– Indústria 5.0: reflexões sobre uma nova abordagem paradigmática para a indústria https://anpad.com.br/uploads/articles/120/approved/5cdf0f9533d6b4c0984fc5ae00913459.pdf
Israela Peixer Lorenzini, Supervisora de Suprimentos na Mill Serras e Mestranda do Programa de Pós-graduação em Sistemas Produtivos (PPGSP) em forma associativa entre UNIPLAC, UNC, UNESC e UNIVILLE. E-mail: israela@millserras.com.br ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5266-1634
Orientadora Profa. Dra. Merisandra Côrtes de Mattos, Doutora em Engenharia Elétrica e Docente do Programa de Pós-graduação em Sistemas Produtivos (PPGSP) em forma associativa entre UNIPLAC, UNC, UNESC e UNIVILLE. E-mail: mem@unesc.net ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7028-8025
Coorientadora Profa. Dra. Cristina Keiko Yamaguchi, Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento e Docente do Programa de Pós-graduação em Sistemas Produtivos (PPGSP) em forma associativa entre UNIPLAC, UNC, UNESC e UNIVILLE. E-mail: criskyamaguchi@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7073-4307
